Este é um diário de campo solicitado pela professora, Emanuelle da disciplina Políticas Públicas e Práticas Sociais para realização de um seminário sobre o Preconceito contra Analfabetismo.
Dia 27 de outubro de 2009, terça-feira
Nesta manhã fomos (Creuzely, Juliana Alencar e Samara) á 4º GRE, localizada na zona norte de Teresina, para pesquisar sobre a visão de alguns coordenadores sobre o analfabetismo.
Ao chegar por volta das 09h00minh, fomos encaminhadas à sala da coordenação do programa Brasil Alfabetizado e recebidas pelo coordenador do programa, Sr. Martins e por uma das coordenadoras de turmas do programa, Srª Onete, que estava em reunião com seus professores alfabetizadores. Observamos que a sala era bem decorada com murais de fotos correspondentes as etapas do programa, além de um acróstico, que está em anexo, relacionado ao programa federal e a denominação acrescentada no Piauí.
Este é um diário de campo solicitado pela professora, Emanuelle da disciplina Políticas Públicas e Práticas Sociais para realização de um seminário sobre o Preconceito contra Analfabetismo.
Dia 27 de outubro de 2009, terça-feira
Nesta manhã fomos (Creuzely, Juliana Alencar e Samara) á 4º GRE, localizada na zona norte de Teresina, para pesquisar sobre a visão de alguns coordenadores sobre o analfabetismo.
Ao chegar por volta das 09h00minh, fomos encaminhadas à sala da coordenação do programa Brasil Alfabetizado e recebidas pelo coordenador do programa, Sr. Martins e por uma das coordenadoras de turmas do programa, Srª Onete, que estava em reunião com seus professores alfabetizadores. Observamos que a sala era bem decorada com murais de fotos correspondentes as etapas do programa, além de um acróstico, que está em anexo, relacionado ao programa federal e a denominação acrescentada no Piauí.
Dia 28 de outubro de 2009, quarta-feira
Nesta manhã fomos fazer uma visita à Comissão Estadual de Alfabetização, onde fomos recebidas pela Srª Valéria Célia Lima, que nos esclareceu algumas dúvidas sobre o programa e nos doou materiais para o nosso seminário. Todas as informações que colhemos podem ser expostas no folder em anexo.
Comentamos com ela a respeitos dos óculos do Programa Olhar Brasil, e ela nos esclareceu que o atraso na entrega dos óculos se deu por conta da demanda que foi muito grande, mas que alguns óculos já haviam chegado, e que só não foram entregues por conta de algumas burocracias que já estavam sendo resolvidas.
Após a visita à Comissão Estadual de Alfabetização, fomos à 19ª GRE localizada no bairro Bela Vista, zona Sul de Teresina.
Fomos recebidas pela Srª Juciara, que, apesar de ocupadíssima com a visita do secretário de educação do estado, nos passou as seguintes informações:
No início das aulas do programa Brasil Alfabetizado, tínhamos 741 alunos matriculados na zona sul, distribuídos em 44 turmas. Hoje, este número caiu para 540 alunos distribuídos em 39 turmas. As aulas iniciaram em 16 de Março de 2009 e encerram em 16 de Novembro de 2009
Diário de Campo – 4 de novembro de 2009
Chegamos (Cristiane e Mª Antonia) à escola às 19:00 h , era uma quarta-feira, houve um contratempo e as meninas (Juliana e Creuzely) não conseguiram encontrar a escola e voltaram. Assim, nós (Cristiane e Mª Antonia) entramos para fazer o primeiro contato. Não foi difícil, pois trabalhamos na escola; A equipe gestora (Lúcia e Leila) nos recebeu bem, explicamos o nosso objetivo então uma delas (Lúcia) nos levou até a sala 10 para nos apresentarmos. A recepção foi boa, falamos coma professora Elisabete que nos concedeu alguns minutos para que pudéssemos explicar a nossa visita. Eles então não se intimidaram e foram falando que queriam sair na foto, nas revistas... Foi muito divertido. Percebemos que na turma estavam presentes 7 alunos, sendo 2 homens e 5 mulheres, provando que é maior o número de mulheres que procuram o programa. Deixamos então agendada a visita para o dia seguinte a fim de reunir mais pessoas do grupo.
Dia 05 de Novembro de 2009, quinta-feira – Hoje, (Juliana, Creuzely, Maria Antônia e Cristiane) fomos fazer uma visita a uma turma da VI etapa do programa na Escola Martins Napoleão, localizada na avenida principal do bairro Promorar. Chegamos à escola por volta das 19h00minh e fomos recebidas pela vice-diretora Leila que logo em seguida, nos encaminhou para uma sala de aula.
A escola é um ambiente bem agradável. A sala de aula possui 05 janelas, 04 ventiladores, 01 quadro de acrílico, 01 quadro de giz e as carteiras estão em ótimo estado de conservação. A sala possui congobós que ajudam a arejar.
A professora Elizabete nos recebeu e pediu para que nos apresentássemos aos alunos, e assim fizemos. Quando dissemos que estávamos lá para fazer uma pesquisa sobre o analfabetismo e que queríamos a opinião deles sobre o tema, eles ficaram entusiasmados e quiseram logo expor suas dificuldades, mas combinamos com eles para deixar a entrevista para depois das lições e eles concordaram. Ficamos sentadas na fila da parede quietinhas, só observando a aula e tirando algumas fotos.
Pudemos notar a dedicação da professora e dos alunos. Na sala, estavam presentes 07 alunos, onde 05 eram idosos e 02 adultos, mas na verdade são 09 alunos matriculados. Mas as faltas de ontem foram justificadas: um faltou por motivos pessoais e o outro é um senhor de 105 anos que, infelizmente, não poderá mais comparecer às aulas porque a família mudou de bairro e ficou mais distante da escola.
A aula é bem dinâmica e os alunos são bem comunicativos e interessados. E o tema da aula era: DOBRO E METADE.
Notamos que a maioria já sabe fazer contas básicas de matemática, mas ainda há alguns que tem um pouco de dificuldade. Notamos também a solidariedade que eles têm entre si. Quando um não conseguia responder, o outro chegava pertinho e ajudava a encontrar a resposta, não dando a resposta imediata, mas com outros exemplos que torna mais fácil a compreensão.
Quando a professora terminou sua aula, nós juntamos os alunos e começamos uma discussão. Sugerimos que eles falassem um pouco de como se sentiam quando não sabiam ler nem escrever. E assim, começaram a surgir histórias bem interessantes e algumas até engraçadas. Alguns alunos afirmaram que participaram de um programa de alfabetização que teve início em 1969, o Mobral. Mas todos desistiram, por vários motivos. Uns diziam que não continuaram porque tinham que trabalhar para sustentar a família, outros (principalmente as mulheres) diziam que deixaram de estudar porque casaram e tiveram filhos, tinham que acompanhar o desenvolvimento dos filhos, cuidarem da casa e do marido, e por aí vai...
Perguntamos a eles, qual teria sido o motivo que os levaram de volta à sala de aula e todos, sem exceções responderam que a vergonha de ser analfabeto. Essa foi a primeira resposta que eles deram. Depois foram surgindo vários outros motivos. Uma das senhoras da turma (era a mais jovem ta turma), disse que “Além da vergonha, eu tinha vontade de ajudar meu filho a fazer a tarefa”. Ela relatou que pagava uma professora de reforço para ajudar seu filho porque não sabia ler nem escrever. E disse também que tinha muita vontade de mudar os documentos, de tirar o carimbo da carteira de identidade dela. E outro comentário que ela fez foi “Quem não sabe ler nem escrever é como se fosse uma pessoa cega nesse mundo”.
A mãe da professora também faz parte dessa turma e afirma que o maior motivo que a levou a sala de aula foi o incentivo da família, e em especial o da filha que hoje dá aula para ela.
Outra senhora nos disse que o pai nunca deixou os filhos freqüentarem a sala de aula, mas que ela sempre teve o sonho de estudar e se formar em medicina. E várias histórias foram surgindo daí para frente!
Encerramos nosso encontro com os pontos negativos do programa, na visão deles, estudantes, e nos deparamos com outros problemas que podem ter soluções facilmente, se o governo ou até mesmo a direção da escola se mobilizasse, como a questão das carteiras de estudante, pois eles não têm direito a essa carteira e nem todos são idosos para obter o passe livre, a questão do fardamento escolar, que eles não têm direito a farda, do lanche que não tem variações e principalmente dos óculos que não chegaram até eles.
Foi bem intensa e animada!! Cada um queria contar sua história!!! Aos poucos, fomos nos envolvendo nas conversas e identificando nossas raízes, as histórias de nossos pais e avós, nas histórias contadas por eles.
O encontro foi maravilho!!!
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